Educação das relações étnico-raciais: implicações e desafios no ensino da História
DOI:
https://doi.org/10.30905/rde.v8i1.763Palavras-chave:
Ensino de História – Relações Étnico-Raciais – Lei 10.639/03Resumo
Vinte anos de implementação da lei 10.639/03 e as lutas pela inserção da negritude e da cultura afro-brasileira nos currículos ainda se faz importante. Uma verdadeira construção democrática e inclusiva. A legislação foi um grande avanço que vem saldar a dívida dos currículos das escolas brasileiras em relação ao direito de uma parcela significativa da população ter suas histórias incluídas. O objetivo deste artigo é produzir um balanço sobre o tema a partir de um levantamento bibliográfico. A pesquisa parte da hipótese de que, no que se refere ao ensino de História, há dois grandes problemas a serem superados: a formação docente, que reproduz a perspectiva quadripartite de cronologia histórica (idades antiga, medieval, moderna e contemporânea) e o livro didático, que ainda não inclui, em sua totalidade, uma perspectiva epistemológica que priorize um olhar mais plural com relação ao ensino da História. É possível inferir que estas duas questões ainda exercem obstáculos para o completo desenvolvimento de uma educação livre de preconceitos no Brasil. A bibliografia analisada aponta a necessidade de se utilizar perspectivas outras para o ensino da História, sobretudo aquelas menos tradicionais e amparadas em novas epistemologias. Portanto, concluímos pela necessidade de se continuar construindo o caminho para o ensino das relações étnico-raciais em sala de aula, sobretudo, através da consolidação da área de ensino de História como área de pesquisa e também pelo caminho da formação mais completa, tanto no âmbito da Universidade quanto na formação continuada, de professores.
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