Narrativas dos anciãos (as) moçambicanos (as) na interface com as pinturas rupestres de Chinhamapere: alvitre à uma pedagogia decolonial no ensino de história
DOI:
https://doi.org/10.30905/rde.v9i1.932Palavras-chave:
Memória, Narrrativas, pedagogia decolonialResumo
Neste texto pretendemos estabelecer uma ponte a partir da temática da dissertação intitulada “Partilha de memórias e narrativas dos mestres (as) moçambicanos (as) na interface com as pinturas rupestres de Chinhamapere”, desenvolvida no Programa de pós-graduação de História Púbica da UNESPAR campus campo Mourão, para pensar o ensino de história em Moçambique numa perspectiva dialógica entre patrimônio cultural (pinturas rupestres de Chinhamapere) e memórias contra-hegemônicas. Atentamo-nos neste artigo, pensar como é que as narrativas e memórias sobre as tradições das pinturas rupestres compartilhadas pelos anciãos podem potencializar o ensino de história, ampliando assim, a valorização da história local e ao mesmo tempo prevenir as tradições da comunidade do esquecimento ou memoricídio protagonizado pela progressiva desvalorização de saberes comunitários em detrimento dos saberes científicos e eurocêntricos, que inundam os currículos de ensino que servem de repositórios de conteúdos europeus, invisibilizando e subalternizando os conteúdos e conhecimentos comunidades locais, que são reduzidos a “não conhecimentos” por não obedecer aos critérios científicos. É nesse ínterim que propomos esta reflexão em busca de práticas pedagógicas que revalorizem esses “não conhecimentos”, e que rompam com as fronteiras de saber, trazendo nas práticas pedagógicas vozes que são emudecidas e excluídas, como possibilidade de ampliar a compreensão do mundo sob outras lentes. Para colocar em ação a pesquisa, enveredamos pelos itinerários teórico-metodológicos benjaminiano (1985), que por meio de rodas de conversas e através de prática da rememoração acolhemos memórias dos anciãos numa relação dialógica e colaborativa obedecendo ao princípio de autoridade compartilhada (Frish 2016). Portanto, para realizar o diálogo com o ensino de história pelo viés decolnial nos apoiamos nas reflexões de Walsh (2009), Santos (2009), Quijano (2005) e Candau (2020).
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