Narrativas dos anciãos (as) moçambicanos (as) na interface com as pinturas rupestres de Chinhamapere: alvitre à uma pedagogia decolonial no ensino de história

Autores

  • Inácio Márcio de Jesus Fernando Jaquete Universidade Estadual de Maringá - UEM
  • Cyntia Simioni França Universidade Estadual do Paraná-UNESPAR
  • Elison Antonio Paim Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC

DOI:

https://doi.org/10.30905/rde.v9i1.932

Palavras-chave:

Memória, Narrrativas, pedagogia decolonial

Resumo

Neste texto pretendemos estabelecer uma ponte a partir da temática da dissertação intitulada “Partilha de memórias e narrativas dos mestres (as) moçambicanos (as) na interface com as pinturas rupestres de Chinhamapere”, desenvolvida no Programa de pós-graduação de História Púbica da UNESPAR campus campo Mourão, para pensar o ensino de história em Moçambique numa perspectiva dialógica entre patrimônio cultural (pinturas rupestres de Chinhamapere) e memórias contra-hegemônicas. Atentamo-nos neste artigo, pensar como é que as narrativas e memórias sobre as tradições das pinturas rupestres compartilhadas pelos anciãos podem potencializar o ensino de história, ampliando assim, a valorização da história local e ao mesmo tempo prevenir as tradições da comunidade do esquecimento ou memoricídio protagonizado pela progressiva desvalorização de saberes comunitários em detrimento dos saberes científicos e eurocêntricos, que inundam os currículos de ensino que servem de repositórios de conteúdos europeus, invisibilizando e subalternizando os conteúdos e conhecimentos comunidades locais, que são reduzidos a “não conhecimentos” por não obedecer aos critérios científicos. É nesse ínterim que propomos esta reflexão em busca de práticas pedagógicas que revalorizem esses “não conhecimentos”, e que rompam com as fronteiras de saber, trazendo nas práticas pedagógicas vozes que são emudecidas e excluídas, como possibilidade de ampliar a compreensão do mundo sob outras lentes. Para colocar em ação a pesquisa, enveredamos pelos itinerários teórico-metodológicos benjaminiano (1985), que por meio de rodas de conversas e através de prática da rememoração acolhemos memórias dos anciãos numa relação dialógica e colaborativa obedecendo ao princípio de autoridade compartilhada (Frish 2016). Portanto, para realizar o diálogo com o ensino de história pelo viés decolnial nos apoiamos nas reflexões de Walsh (2009), Santos (2009), Quijano (2005) e Candau (2020).

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Inácio Márcio de Jesus Fernando Jaquete, Universidade Estadual de Maringá - UEM

Doutorando em História na Área de concentração de Cultura e Política, na Universidade Estadual de Maringá. Mestre em História Pública pela Universidade Estadual do Paraná- Campus Campo Mourão (2023). Graduação em ensino de História com habilitações em ensino de Geografia pela Universidade Pedagógica - Moçambique (2016). Integrante do Grupo de Estudos Odisseia (UNESPAR Campo Mourão). Áreas de Interesse: História de África, Memória, Ensino de História e Pensamento decolonial.

Cyntia Simioni França, Universidade Estadual do Paraná-UNESPAR

 

Doutora em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Mestre em História Social pela UEL (Universidade Estadual de Londrina). Graduada em História pela Universidade Estadual de Londrina. Coordenadora do Grupo de Estudos Odisseia (UNESPAR). Docente do Programa de Pós-Graduação em História Púbica (PPGHP), do Programa de Pós-Graduação em Ensino de História (ProfHistória) e do curso de licenciatura em História da Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR). Coordenadora do GT/PR Ensino de História e Educação. Coordenadora do Laboratório do Ensino de História (LEHIS) na UNESPAR. Coordenadora do Programa de Mestrado em Ensino de História – UNESPAR. Dedico às temáticas: produção de conhecimentos históricos e educacionais, ensino de história, práticas de memórias e narrativas na interface com a História Pública. Pesquisa em rede com Instituto de Ciência e Educação na cidade de Lubango em Angola e Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Elison Antonio Paim, Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC

Possui graduação em História pela Universidade Federal de Santa Maria (1986), mestrado em História pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1996) e doutorado em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (2005). Professor Adjunto I da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), lotado no Departamento de Metodologia de Ensino (MEN) do Centro de Educação. Tem experiência na área de História e Educação, com ênfase em Praticas de Ensino, Experiências de Ensino. Desenvolve trabalhos de Ensino, Pesquisa nos seguintes temas: estagio; formacao docente; experiencia, memória; fazer-se professor, historia; historiografia; ensino de historia, memória e patrimônio cultural.

Referências

ADICHIE Chimamanda Ngozi. O perigo de uma história única. Companhia das Letras. São Paulo, 2009.

AZAGAIA, Cães de Raça, https://www.letras.mus.br/azagaia/caes-de-raca-part-guto/, cessado em 20.02.2023.

BENJAMIN, Walter. Obras Escolhidas I. Magia e técnica, arte e política. São Paulo: Brasiliense, 1985.

CANDAU Maria Vera Diferenças, Educação Intercultural e Decolonialidade: temas insurgentes, Rev. Espaço do Currículo (online), João Pessoa, v.13, n. Especial, pp. 678-686, dez. 2020.

DIAZ José Alejandro Sebastian Barrios. As relações internacionais da construção do Estado em Moçambique: pós-independência, guerra civil e transições políticas. Rev. Carta Inter, Belo Horizonte, v. 17, n. 2, Brasil 2022.

FANON Frantz. Pele Negra Máscara Branca. Editora Ubu, São Paulo. 2020.

HAMPÂTÉ BÂ, Amadou. A tradição viva. In: KI-ZERBO Joseph (Org). História Geral da África, I: metodologia e pré-história da África. São Paulo: Ática; UNESCO, 2010. pp. 181-218.

HOMWANA Luís Bernardo. Encorajar uso social das línguas moçambicanas. Maputo, notícias. 1994.

INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA. Anuário Estatístico da Província de Manica 2017. Disponível em:< www.ine.gov.mz>.

MATSINHE Leví Salomão. Moçambique: Uma Longa Caminhada Para Um Futuro Incerto? 2011, 118f Dissertação (mestre em relações internacionais) Universidade Federal do Rio Grande do Sul, UNFRG. Porto Alegre, 2011.

MINISTÉRIO DE EDUCAÇÃO E CULTURA, Reforma curricular. Maputo, 2014.

MIRANDA, Claudia; ARAÚJO, Helena Maria Marques. Memórias contra-hegemônicas e educação para as relações étnico-raciais: práticas decoloniais em contextos periféricos. Perspectiva, Florianópolis, 2019. v. 37, p. 378-397.

NOTICE Joaquim. Pinturas rupestres de Chinhamapere: uma perspectiva da preservação do patrimônio sóciocultural de Moçambique no contexto da gestão ambiental. Maputo, 2015.

PAIM Elison Antonio e ARAÚJO Helena Maria Marques, O pensamento decolonial no horizonte de combate à violência epistemológica e/ou ao epistemicídio no ensino de História, Intellèctus, 2021.

PEREIRA, Nilton Mullet. Ensino de história e resistência: notas sobre uma história menor. In: PAIM, Elison Antonio (Org.) Patrimônio cultural e escola: entretecendo saberes. Florianópolis: NUP/CED/UFSC, 2017

QUIJANO Anibal. Dom Quixote e os moinhos de vento na América Latina. Estudos Avançados 19 (55), 2005.

SANTOS Marcelino dos, É preciso preservar as línguas africanas. Maputo. Tempo. 1989.

SANTOS Sousa Boaventura de. Para além do pensamento abissal: das linhas globais a uma ecologia de saberes, edições Almedina. AS. 2009.

SOUSA, Mariana Lagarto dos, A escola e a ideologia colonial: contribuição para a formação das nacionalidades africanas de expressão portuguesa. Coimbra, 2008.

WALSH Catharine, Interculturalidade crítica e pedagogia decolonial: In surgir, re-existir e Re-viver. Rio de Janeiro, 2009.

Downloads

Publicado

2025-02-06

Como Citar

Jaquete, I. M. de J. F., França, C. S., & Paim, E. A. (2025). Narrativas dos anciãos (as) moçambicanos (as) na interface com as pinturas rupestres de Chinhamapere: alvitre à uma pedagogia decolonial no ensino de história. Devir Educação, 9(1), e–932. https://doi.org/10.30905/rde.v9i1.932

Edição

Seção

Artigos