Dimensões formativas decorrentes da congada em lambari/mg: entre experiência, saberes e ancestralidade
DOI:
https://doi.org/10.30905/ded.v0i0.212Palabras clave:
Congada; Experiência Formativa; Ensino; Aprendizagem; Ancestralidade.Resumen
Trata-se de um artigo cujo teor retrata uma investigação científica, relativa aos aspectos formativos (relação entre ensino e aprendizado) contidos na Congada. No plano epistemológico, situamo-la como um fenômeno histórico, originalmente de matriz africana (banta, marcada pelo apreço à ancestralidade e o sagrado), que sofreu ressignificações ao se entremear com a cultura brasileira, expressada por aqueles que aqui se tornaram escravizados, que por sua vez se interligou à religião “oficial” do país, o catolicismo, sendo essa uma estratégia de sobrevivência e reinvenção. Em termos metodológicos a pesquisa se assentou sob os pressupostos qualitativos, com um desenho narrativo. Empregou três recursos para erigir os dados: observação participante; elaboração de um diário de campo e entrevistas semiestruturadas. Quanto ao lócus investigativo, tratou-se do município de Lambari/MG. Participaram do estudo oito depoentes, tendo sido eleitos em razão da influência e representação que desfrutam no espaço congadeiro da localidade, assim como em razão da atípica variedade de gênero que se encontrou na capitania deste universo festivo cultural. No que concerne aos resultados, verificou-se a existência do ensino, se bem que com certa mudança na acepção, aproximando-se mais de uma perspectiva interacionista, do que da tradicional transmissibilidade oral, essencialmente empirista. De igual modo, constatou-se que houve modificações no modo de ensinar e aprender os saberes congadeiros, aos novos aprendizes, que, apesar de alguns aspectos intuitivos no modo de aprender, tem suscitado preocupação o desinteresse em relação aos saberes (tradicionais) atinentes à congada, sob pena da descontinuidade da propagação desse patrimônio cultural (imaterial) da humanidade.
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