Disciplina, norma e resistência: a representação da escola de educação infantil pelas crianças

Autores

  • Tatiane Priscilla Caires Universidade São Francisco
  • Marcia Aparecida Amador Mascia Universidade São Francisco

DOI:

https://doi.org/10.30905/rde.v6i1.606

Palavras-chave:

Educação Infantil, Constituição da subjetividade, Análise do discurso, Relações de poder

Resumo

Este artigo tem como problemática investigar as práticas de disciplinarização existentes em uma escola de educação infantil do interior do estado de São Paulo, em conformidade aos ideais normalizadores que pairam sobre a infância. O trabalho está ancorado nas experiências da autora enquanto professora e gestora de escola pública e em desenhos comentados de crianças, de três a cinco anos de idade que frequentaram a unidade educativa no ano de 2019. O estudo, por meio da análise do discurso, aponta para a existência de diferentes modos de objetivação e subjetivação que buscam a constituição da subjetividade dos pequenos durante as ações escolares. Mostra que o processo é de longa data, desde o século XVI, com a existência dos suplícios e prisões, e que os fluxos e as experiências se perpetuam e, ainda, mantém-se enquanto herança do equipamento social. Volta-se para o dispositivo pedagógico e revela como a estrutura escolar, o tempo e a disposição dos ambientes vão ao encontro da manutenção das relações de poder, com vistas ao preparo do pequeno cidadão para viver em sociedade. Porém, o texto se encaminha em defesa da escola pública, para um repensar acerca dos modelos pré-estabelecidos no decorrer do processo histórico e com base em um sistema capitalista. E finaliza colocando em evidência a riqueza dos pensamentos das crianças que, através de seus repertórios imaginativos, subvertem a lógica constituída, que tenta, mas não consegue, assujeitar meninos e meninas.

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Biografia do Autor

Tatiane Priscilla Caires, Universidade São Francisco

Doutoranda em Educação pela Universidade São Francisco. Possui Mestrado em Educação pelo Centro Universitário Salesiano de São Paulo (2014), Especialização em Psicopedagogia pela Faculdade Integrada Metropolitana de Campinas (2008) e Graduação em Pedagogia pela Universidade Estadual de Campinas (2005). Tem experiência na área de Educação, Subjetividade e Discurso, atuando principalmente com os seguintes temas: análise das práticas educacionais, currículo, desconstrução, pós-modernidade, ensino-aprendizagem, produção de identidades e subjetividades no mundo contemporâneo. Participa do Grupo de Pesquisa Estudos Foucaultianos e Educação da Universidade São Francisco.

Marcia Aparecida Amador Mascia, Universidade São Francisco

Pós-Doutoramento pela Universidade de Wisconsin-Madison, no departamento de Curriculum and Instruction, com bolsa FAPESP (2015). Sou Doutora em Linguística Aplicada pela UNICAMP (1999) e Doutorado-Sanduíche pela Universidade de Wisconsin-Madison (1998). Sou Mestre em Linguística e Língua Portuguesa pela UNESP (1992) e Graduada em Letras pela UNESP (1979). Atualmente, sou professora do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação, atuando na linha de Educação, Sociedade e Processos Formativos, da Universidade São Francisco, Itatiba/SP.

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Arquivos adicionais

Publicado

2022-09-27

Como Citar

Tatiane Priscilla Caires, & Marcia Aparecida Amador Mascia. (2022). Disciplina, norma e resistência: a representação da escola de educação infantil pelas crianças. Devir Educação, 6(1), e–606. https://doi.org/10.30905/rde.v6i1.606

Edição

Seção

Artigos