Apresentação do Dossiê “Formação de professores e tecnologias da informação e comunicação: perspectivas e implicações em tempos de pandemia e pós-pandemia”

 

Dalva de Souza Lobo[1]

Cláudio Lúcio Mendes[2]

Carlos Alberto de Vasconcelos[3]

José Elyton Batista dos Santos[4]

 

          Nesta edicao especial, a Revista Devir Educação socializa com os leitores o Dossiê temático “Formação de professores e tecnologias da informação e comunicação: perspectivas e implicações em tempos de pandemia e pós-pandemia, organizado pela professora Dalva de Souza Lobo, pelo professor Cláudio Lúcio Mendes – ambos da Universidade Federal de Lavras (UFLA-Brasil) – e pelos professores Carlos Alberto de Vasconcelos, da Universidade Federal de Sergipe (UFS-Brasil) e José Elyton Batista dos Santos, doutorando em Educação pela Universidade Federal de Sergipe (UFS-Brasil).

            A partir de 2020, a pandemia transformou a educação mediada por tecnologias e a formação de professores a ela relacionada em desafios centrais para a humanidade. Com a declaração da Organização Mundial da Saúde, em 11 de março de 2020, caracterizando situação pandêmica devido a presença da Covid-19 em todos os continentes, o distanciamento social fez-se presente como marco social e impactante para diversos países, entre esses, o Brasil. Especificamente no âmbito educacional, na interseção entre os problemas surgidos com a Covid-19 e as respostas buscadas para atender a tais problemas, as Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) foram instrumentos imprescindíveis para formular propostas concretas de ações perante os desafios desinentes e minimizar (e em alguns casos, aumentar) os efeitos do distanciamento social sobre os processos educativos. Diante desse contexto, buscamos discutir diferentes perspectivas e implicações sobre a Formação de Professores, relacionadas com o emprego e o trabalho com as TIC.

            A edicao contou a colaboração de pesquisadores de várias áreas da educação propuseram, além de compreender o cenário atual, lançar novas perspectivas para uma educação que encontre, na interface entre humanidade e tecnologia, uma construção de conhecimento cada vez mais contextualizada e que faça sentido aos estudantes. Assim, os 23 artigos que compõem essa edição oferecem importantes subsídios para as pesquisas em educação, apresentando propostas inovadoras e referenciais teóricos críticos, tanto na abordagem do tema quanto nos processos metodológicos. As contribuições trazidas pelos colaboradores são de inegável relevância para a área educacional e para a produção de novos conhecimentos, corroborando a missão desta revista.

            O primeiro artigo, intitulado “Percepção de discentes sobre o impacto da pandemia de Covid-19 nas atividades do mestrado profissional em saúde” de Rosamaria Rodrigues Garcia, Raquel de Abreu Barbosa de Paula, Carlos Alexandre Felício Brito, tem como objetivo identificar a percepção de alunos matriculados no Programa de Mestrado Profissional em Saúde sobre efeitos da pandemia nas atividades acadêmicas e de pesquisa. De acordo com a percepção dos participantes, a pandemia de Covid-19 provocou alterações nas atividades acadêmicas e de pesquisa. As aulas presenciais foram substituídas pelo ensino remoto. No entanto, as atividades de pesquisa foram afetadas, principalmente quanto à coleta de dados e continuidade da pesquisa, sendo necessárias adaptações. Notou-se o efeito psíquico do isolamento social e a mudança no estilo de vida, bem como no convívio com colegas nas atividades acadêmicas e de orientação.

No segundo artigo, “A ressignificação do ensino de línguas a partir do uso intensivo das TDIC em tempos de pandemia”, Jéssica Mary Costa do Rosário e Ana Emilia Fajardo Turbin contextualizam o ensino de línguas no contexto da pandemia, considerando as TDIC e apontam para a questão do preparo por parte dos docentes e dos discentes. Para tanto, trazem ao diálogo a Base Nacional Comum para a Formação Inicial de Professores de Educação Básica (BNC-Formação), em sintonia com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), a partir das quais elaboram um questionário semiaberto online. Com o objetivo de discutir processos de ressignificação do modo de ensino por meio das tecnologias digitais de informação e comunicação nas escolas da rede, no Distrito Federal. Dentre os resultados, as autoras evidenciam a necessidade de uma adaptação que leve em conta a necessidade de preparar docentes e estudantes para integrar com eficiência as TDIC ao contexto educacional.

            No terceiro artigo, Rosália Maria Neto Prados, Rodrigo Avella Ramirez e Juliana de Sousa Lamas – ao tratarem dos “Desafios contemporâneos em educação profissional: formação docente, linguagem e práticas pedagógicas– apresentam os discursos político-educacionais e pedagógicos a partir das discussões da disciplina eletiva denominada “Linguagem e Práticas em Educação Profissional” do Mestrado Profissional em Gestão e Desenvolvimento da Educação Profissional, de uma instituição pública de São Paulo. Os autores discutiram os discursos sobre a formação docente em educação profissional, problematizando a linguagem, a comunicação e as práticas educacionais no contexto de isolamento social imposto pela Covid-19, especialmente em cenários onde os processos de ensino e aprendizagem são, cada vez mais, constituídos pelas tecnologias digitais. Para isso, apoiaram-se em produções sobre educação profissional, educomunicação, discurso, formação docente e tecnologias digitais em ambientes de sala de aula, levando em conta as discussões suscitadas na referida disciplina junto aos alunos participantes.

         O quarto artigo, “O clima social de uma escola de ensino médio na percepção dos professores antes e durante a pandemia de Covid-19”, de Sáhira Michele da Silva Celestino e Rita de Cássia de Souza, é parte de uma pesquisa visando compreender o clima social escolar no Ensino Médio de uma escola situada em uma pequena cidade da Zona da Mata Mineira antes e durante a pandemia do Covid-19. A perspectiva teórica para o estudo foi o Construcionismo Social para a análise desse contexto. Os docentes relataram uma boa relação interpessoal com a gestão, funcionários, estudantes e a comunidade, apesar do distanciamento interferir no clima social da escola, considerando que seria uma oportunidade para investigar se a pandemia teria afetado esse clima e de que forma. Os docentes enfatizaram que sentiam muita falta da convivência social e dos estudantes na escola.

            O quinto artigo, “Paralelo entre planejamentos de atividades presenciais e remotas na formação inicial de professores de química envolvendo a conservação e restauração de bens culturais”, de Matheus de Castro e Silva e Penha Souza Silva, aborda que a inclusão das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) nas licenciaturas ocorrem como forma de possibilitar um Ensino Superior remoto em diferentes instituições e universidades. Dessa feita, a partir do relato de experiências, discutem como o planejamento de um conjunto de atividades de formação inicial de professores de Química e licenciandos em Pedagogia foi modificado para o ensino remoto, contemplando as TIC e suas potencialidades.

            O sexto artigo “Tecnologias e trabalho remoto em tempos de pandemia: concepções, desafios e perspectivas de professores que ensinam matemática”, de autoria de Cristina de Jesus Teixeira, Weberson Campos Ferreira, Joeanne Neves Fraz e Geraldo Eustáquio Moreira, busca verificar se as interfaces tecnológicas utilizadas no desenvolvimento do ensino remoto pelos/as professores/as que ensinam matemática têm se mostrado adequadas frente às necessidades atuais e quais as dificuldades em relação à tecnologia despendida no processo de ensino. A pesquisa qualitativa de cunho exploratório teve como resultados que os/as docentes apontam dificuldades de ordem técnica, pedagógica e social, mas reconhecem as possibilidades do uso de tecnologias digitais de informação e comunicação em suas aulas e a necessidade da formação continuada.

            Quanto ao sétimo artigo “Ensino em tempos de pandemia: um novo cenário, com (não tão) novas necessidades”, de autoria de Leila Miyuki Saito e Marcelo Cristiano Acri, apresenta os impactos da COVID 19 na formação inicial e continuada de professores. Desse modo, os autores apresentam suas reflexões acerca do letramento digital e o letramento em avaliação, a partir de significativo referencial teórico em diálogo com as metodologias ativas, visando o atendimento às demandas geradas pelo ensino remoto durante e pós-pandemia.

            O artigo oitavo intitulado, “Êxitos e desfechos no ensino, pesquisa e extensão do curso de pedagogia da FACELI durante a pandemia da covid-19”, de autoria Joana Lúcia Alexandre de Freitas, Márcia Perini Valle e Valéria Vieira dos Santos Pin, apresenta um relato de experiência sobre os resultados obtidos nas disciplinas de Didática, Estágio Supervisionado e Fundamentos Teóricos e Metodológicos de Artes, Ciências e Geografia do curso de Pedagogia de uma Faculdade pública, municipal e gratuita localizada em um município no interior do Estado do Espírito Santo. Os resultados revelam que há desfechos frágeis, como problemas de inclusão digital e de não adaptação ao ensino remoto.

             Sobre o nono artigo, “Professores em tempos de pandemia: percepções, sentimentos e prática pedagógica”, Sonia Bessa investiga como a pandemia impactou, emocionalmente, o sistema educacional, sobretudo nos anos iniciais do ensino fundamental no município de Formosa-GO e na região metropolitana de São Paulo-SP. A partir de um levantamento realizado por questionário online, via Google Forms, a autora faz um significativo mapeamento sobre o processo de ensino e aprendizagem no contexto do isolamento, descrevendo a percepção dos docentes que atuam nos anos iniciais do Ensino Fundamental, os quais revelam-se resilientes e minimamente otimistas, apesar do cenário.

            No décimo artigo, “Perspectivas de ensino nos cursos técnicos: experiências de professores nas aulas remotas mediadas por Jamboard”, André Luis Canuto Duarte Melo, Givaldo Oliveira dos Santos e Patrícia Cavalcante de Sá Florêncio apresentam as experiências de professores dos cursos técnicos subsequentes em eletrotécnica e enfermagem em aulas remotas mediadas pela ferramenta Jamboard, tendo como justificativa o fato do predomínio da avaliação dar-se nas atividades online, que contribui para a formação de seus alunos e professores que atuam nessa etapa de educação, discutindo a ferramenta e suas potencialidades para o ensino e a aprendizagem dos alunos.

            Quanto ao décimo primeiro artigo – “Saberes emergentes do período pandêmico no curso de pedagogia: percepções discentes sobre o uso de tecnologias de informação e comunicação na educação” –, de autoria de Moana Meinhardt, Douglas Vaz e Hildegard Susana Jung, tem-se como objetivo analisar os aspectos da formação docente que, na concepção dos estudantes de um curso de Pedagogia presencial de uma universidade comunitária da região metropolitana de Porto Alegre-RS, foram potencializados a partir da união entre educação e tecnologias, durante a pandemia da Covid-19. A análise dos resultados revelou que há uma aceleração, por conta da pandemia, para com a inserção e utilização das tecnologias de informação e comunicação nas diferentes disciplinas do curso de Pedagogia; a desacomodação dos docentes no que se refere às suas práticas pedagógicas; e a suscitação de novos saberes docentes alinhados às demandas da educação contemporânea.

            No décimo segundo artigo,Docência em Tempos de Covid-19: concepções de professores do ensino médio sobre o uso das tecnologias digitais no ensino remoto”, os autores José Batista de Souza e Carlos Alberto de Vasconcelos analisam criticamente a concepção por parte de professores que atuam no Ensino Médio, levando em conta os desafios, os quais foram potencializados pela Covid-19. A partir das respostas obtidas no questionário online, os autores apresentam as considerações dos professores sobre os desafios e benefícios do ensino remoto para a prática pedagógica, enfatizando, assim, a relevância de tal discussão para o âmbito da prática educativa.

            Sobre o décimo terceiro artigo, as autoras Eliane Terezinha Tulio Ferronato e Helen Thais dos Santos, em “Bem-estar e o mal-estar docente: sentimentos e emoções de professores que atuam na educação infantil e ensino fundamental em tempos de pandemia”, analisam a percepção e sentimentos de bem e mal-estar dos professores a partir de um referencial consistente. Mediante um questionário online, as autoras coletaram dados de professores de Educação Infantil e Ensino Fundamental de escolas no município de Maracaju-MS, apontando para os impactos causados aos docentes pela pandemia e apontam não apenas para os desafios, como também para a superação desses e a reinvenção, sobretudo com as crianças que se encontram em situação de vulnerabilidade.

            Já em relação ao décimo quarto artigo,O ensino de matemática e tecnologias: ações e perspectivas de professores de matemática em tempo de pandemia”, Maria Cristina Rosa, José Elyton Batista dos Santos e Denize da Silva Souza apresentam resultados de uma pesquisa sobre as ações de enfrentamento à pandemia e suas implicações no exercício docente por parte dos professores de Matemática, considerando as TIC. Os autores partem da elaboração de um questionário via plataforma SurveyMonkey, e a partir das respostas advindas de professores atuantes na Educação Básica nos estados de Sergipe, Alagoas e Bahia, tecem considerações acerca dos desafios, dos avanços e das propostas evidenciadas pelos docentes.

             No décimo quinto artigo “Avaliação nas aulas de espanhol como língua estrangeira: o que mudou com o ensino emergencial remoto?”, Acassia dos Anjos Santos Rosa e Roana Rodrigues apresentam um relato de experiência vivido como professoras nos Cursos de Graduação Letras-Espanhol da Universidade Federal de Sergipe (UFS), no contexto do Ensino Remoto Emergencial (ERE), especialmente tratando dos aspectos avaliativos. As autoras – no cenário da pandemia de Covid-19, com a possibilidade dos alunos acessarem as aulas de maneira síncrona e assíncrona – discutiram como foram seus planejamentos das atividades avaliativas e como trataram as dificuldades, apontando caminhos para superá-las, pautados nos seguintes pontos: 1) a necessidade de abandonar o tradicional “dia de prova”; 2) desenvolvimento de atividades processuais ao longo do período letivo; 3) ajustamentos das atividades gramaticais na busca de adequar-se às condições das tecnologias digitais e de aulas assíncronas; 4) ampliação e diversidade das metodologias avaliativas, incorporando ferramentas das tecnologias digitais, na busca de facilitar a realização das atividades avaliativas no momento mais adequado para os alunos, levando em conta os prazos estipulados. Concluem argumentando a favor do emprego de métodos que levem em conta a nova realidade que os alunos e a sociedade vivem no contexto da pandemia, como também nos usos de tecnologias digitais.

            Sobre o décimo sexto artigo, “Estratégias didáticas de professores no Ensino Remoto Emergencial (ERE) frente à pandemia da Covid-19: novos desafios, outros aprendizados”, de Carloney Alves de Oliveira e Joenneyres Raio de Souza Amancio propõem uma reflexão acerca de estratégias didáticas utilizadas por professores do estado de Alagoas frente ao contexto pandêmico causado pelo novo coronavírus no Ensino Remoto Emergencial (ERE), mediado, especialmente, pelas tecnologias digitais (TD). Esse estudo toma como base autores que discutem sobre TD, ERE e desafios à educação, a partir de artigos e vídeos já socializados em periódicos, internet, sites e redes sociais. Os resultados evidenciam que as TD em si não promovem a produção do conhecimento nem o aprendizado, pois é preciso uma reconfiguração de estratégias didáticas para a potencialização da interação entre os sujeitos envolvidos no processo de ensino e aprendizagem, de maneira a compreender que as vivências com o ERE podem dar um impulso para se pensar essa prática mediada pelas TD, como também possibilidades para além delas.

            O décimo sétimo artigo, “Desafios e Reordenamentos do Processo de Trabalho na Rede Municipal de Ensino de Canoinhas-SC: Formação e Práticas para Enfrentamento da Pandemia pela Covid-19”, de Karina Vieira Carvalho, Maria Luiza Milani e Argos Gumbowsky, descreve os desafios, a mobilização, as decisões e a execução de medidas, as ações e estratégias para o enfrentamento da suspensão das atividades educacionais presenciais na rede pública municipal de ensino do município de Canoinhas, estado de Santa Catarina, decorrente da pandemia Covid-19 e pontua alguns avanços e dificuldades resultantes dessas medidas emergenciais adotadas.

            O décimo oitavo artigo intitulado “Quando as escolas fecharam! lugar da docência a partir dos relatos das professoras aos grupos na universidade”, de Juliana Fátima Pasini, Flávia Anastácio de Paula e Flaviana Demenech, apresenta reflexões resultantes do atendimento emergencial em tempos de pandemia nas ações realizadas pelo grupo Pesquisa Mediar vinculado à UNIOESTE, sobre a formação de professores inicial e continuada articuladas especialmente das relações sobre a atuação docente e o ensino remoto. Ancorada nos estudos de Cunha, Vygotsky e Guedes-Pinto, trabalharam com a possibilidade ofertar os projetos de extensão remotos e, a partir deles, construir grupos focais.

            Quanto ao décimo nono artigo, “O ensino remoto em Minas Gerais: uma análise pelo ciclo de políticas”, de autoria de Cláudio Lúcio Mendes e Tielle Alves Souto, problematiza-se o Ensino Remoto Emergencial (ERE) proposto em consequência da pandemia de SARS-CoV-2, focando-se no programa Regime Especial de Atividades Não Presenciais (REANP) para a Educação Básica apresentado pelo governo do estado de Minas Gerais. Com base no ciclo de políticas de Stephen Ball, os autores analisaram vários fatores que incidiram nas condições de trabalho e na realidade social, entre outros aspectos. Nesse contexto, os autores buscam compreender os desafios a eles relacionados, levando em conta o modo com as políticas públicas atuam e devem ou deveriam atuar para sanar as muitas dificuldades que se apresentam para docentes e discentes.

             No vigésimo artigo, “Escola e profissão docente: uma reflexão em tempos de covid-19”, as autoras Eliane Paganini da Silva e Franciele Clara Peloso analisam o modelo escolar baseado na visão conteudista e como esse configura-se no contexto da Covid-19. Com base em referencial teórico de excelência, discutem o ensino remoto, a profissionalidade docente e a infância no processo educacional. No intuito de pensar a superação do modelo tradicional, as autoras apontam para a necessidade de uma formação que conecte docentes e contextos sociais e políticos vigentes.

            Sobre o vigésimo primeiro artigo, “O uso de repositórios educacionais e a prática docente no contexto do ensino remoto”, Flávia Cristina de Araújo Santos Assis, Joselma Silva e Ramon Gomes Costa apresentam notável reflexão sobre o papel do professor no contexto das mídias digitais. A exigência de inovação e adaptação visando à qualidade na relação de ensino e aprendizagem é um dos pontos evidenciados pelos autores, entre os quais se compreende o papel fundamental do professor na mediação da construção de conhecimento por parte dos alunos. A partir daí, propõem uma pesquisa com professores de escolas públicas e privadas situadas em Campos das Vertente, em Minas Gerais, discutindo as questões mais relevantes apontadas por esses professores, sobretudo no contexto da pandemia.

             O vigésimo segundo artigo, intitulado “Situações de uso da linguagem no ensino remoto de língua portuguesa em contexto pandêmico”, de autoria de Edmilson Francisco e Ilsa do Carmo Vieira Goulart, apresenta como objetivo refletir sobre as situações de uso de linguagem no processo de ensino de Língua Portuguesa, em escolas públicas, diante do cenário pandêmico e no contexto dos ambientes virtuais. Com base no estudo descritivo e explicativo, os autores apontam para a necessidade de novos posicionamentos e estratégias que possam assegurar o processo de ensino e aprendizagem de forma remota, ressaltando questões ligadas à exigência de novas competências e habilidades por parte dos professores e alunos.

            Quanto ao vigésimo terceiro artigo, Ensino profissional e formação docente: letramentos e multiletramentos em sala de aula, descreve-se uma pesquisa realizada em uma escola técnica de São Paulo, capital, tratando de aspectos de leitura e escrita no ensino profissional, no contexto das tecnologias digitais, desenvolvendo suas discussões com base nos conceitos de letramento e multiletramento. Ao trabalhar com entrevistas para coletar os dados a serem analisados, no intercruzamento com as referências teóricas empregadas, Paula Almeida Morato de Laet, Rodrigo Avella Ramirez e Alice Turibio Narita apontam a necessidade de uma formação de professores em serviço para atuarem com aspectos da leitura e da escrita no ensino técnico. Segundo os autores, isso seria importante pelo motivo dos professores pesquisados acreditarem que a responsabilidade pela formação do alunado no domínio da língua materna culta seria dos professores do Ensino Fundamental, não deles. Na verdade, e infelizmente, pesquisas mostram que essa é a mentalidade da grande maioria de professoras e professores que atuam no Ensino Superior em todo o Brasil, sendo uma temática ainda a ser abordada nos cursos de formação, tanto do ensino profissional como do Ensino Superior.

            Agradecendo aos autores e às autoras pelas contribuições tão valiosas na produção de conhecimentos para a educação, considerando o contexto da pandemia, o presente dossiê revela o esforço em problematizar e fazer proposições para superar os desafios produzidos por este cenário atípico que afetou os processos educativos. A partir dessas análises e propostas extremamente significativas, desejamos que os leitores e as leitoras sintam-se estimulados pelos artigos a continuar produzindo conhecimentos científicos que possam traduzir em relevantes propostas de inovações no âmbito educacional.

 

Lavras (MG), Setembro de 2021.

Os organizadores.

 

 

 

 

 

 

 



[1] Doutorado em Letras pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Pós-doutorado em Literatura, pela Universidade Federal de Santa Catarina. Professora adjunta na Universidade Federal de Lavras, Lavras(MG)-Brasil. Líder do Grupo de Pesquisa INTERSIGNOS - literatura, linguagem, tradução intersemiótica e formação docente. E-mail: dalva.lobo@ufla.br. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-9224-5245.

[2] Doutorado em Educação pela UFRGS. Professor Associado do Departamento de Educação da Universidade Federal de Lavras, Lavras(MG)-Brasil atuando como pesquisador da área de Educação, Neurociência e Tecnologia e professor do Mestrado em Educação Profissional da UFLA. Coordenador do Grupo de Estudo, Pesquisa e Extensão de Educação e Neurociência (ENE). E-mail: claudio.mendes@ufla.br. ORCID: http://orcid.org/0000-0001-6114-0566.

[3] Doutorado em Geografia e Pós-doutorado em Educação. Professor da Universidade Federal de Sergipe – Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGED-UFS). Líder do Grupo de Pesquisa em Formação de Professores e Tecnologias da Informação e Comunicação (FOPTIC–UFS). E-mail: geopedagogia@yahoo.com.br. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-9049-5294.

[4] Doutorando em Educação pelo Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Sergipe. Mestre em Ensino de Ciências e Matemática pela Universidade Federal de Sergipe (2018). Integrante dos grupos de pesquisas: Núcleo Colaborativo de Práticas e Pesquisas em Educação Matemática (NCPPEM/UFS) e Grupo de Estudos em Educação Superior (GEES). Professor de Matemática da Educação Básica e no Ensino Superior. E-mail: elyton_batista@hotmail.com. ORCID: https://orcid.org/0000-0003-1763-8134.