Docência
em Tempos de Covid-19: concepções de professores do ensino médio sobre o uso
das tecnologias digitais no ensino remoto
Teaching
in Times of Covid-19: conceptions of high school teachers on the use of digital
technologies in remote education
La
docencia en tiempos del Covid-19: concepciones de los profesores de secundaria
sobre el uso de las tecnologías digitales en la educación remota
José
Batista de Souza[1]
Carlos
Alberto Vasconcelos[2]
Resumo
A
docência, seja em qual for a etapa educacional, sempre foi permeada por
desafios, exigindo do professor mudança de postura para dar conta das demandas
que aparecem em sua prática. Com a pandemia da Covid-19, os desafios aumentaram
exponencialmente, o que tem levado professores a se adaptarem a outras formas de
trabalho e a terem um olhar diferente para o uso de tecnologias digitais no
processo de ensino-aprendizagem. Nesse contexto, o presente trabalho objetiva
analisar as concepções de professores do ensino médio acerca do ensino remoto e
do uso de tecnologias digitais para levar adiante este ensino. Trata-se de uma
pesquisa de abordagem qualitativa, que teve o questionário online como instrumento de coleta de dados. A partir das concepções
dos professores, os resultados apontaram que trabalhar remotamente a partir do
uso de tecnologias digitais tem sido desafiador, mas proveitoso. Além disso,
uma parte significativa dos docentes admitiram que já foram bastante
resistentes ao uso de tais tecnologias, mas que compreendem agora a necessidade
de aprender a usá-las com fins pedagógicos.
alavras-chave: Docência;
Processo de ensino-aprendizagem; Pandemia; Tecnologias
Abstract
Teaching, whatever the
educational stage, has always been permeated by challenges, requiring a change
of attitude from the teacher to meet the demands that appear in his practice.
With the Covid-19 pandemic, the challenges have increased exponentially, which
has led teachers to adapt to other forms of working and to take a different
look at the use of digital technologies in the teaching-learning process. In
this context, this work aims to analyze the conceptions of high school teachers
about remote teaching and the use of digital technologies to carry out this
teaching. This is a qualitative approach research, which used the online
questionnaire as a data collection instrument. Based on the teachers’ conceptions,
the results showed that working remotely using digital technologies has been
challenging, but profitable. Furthermore, a significant part of the teachers
admitted that they were already quite resistant to the use of such
technologies, but that they now understand the need to learn to use them for
pedagogical purposes.
Keywords:
Teaching; Teaching learning process; Pandemic; Digital technologies.
Resumen
La docencia, sea cual sea la etapa
educativa, siempre ha estado impregnada de desafíos, requiriendo un cambio de
actitud por parte del docente para atender las exigencias que aparecen en su
práctica. Con la pandemia de Covid-19, los desafíos se han incrementado
exponencialmente, lo que ha llevado a los docentes a adaptarse a otras formas
de trabajo y a dar una mirada diferente al uso de las tecnologías digitales en
el proceso de enseñanza-aprendizaje. En este contexto, este trabajo tiene como
objetivo analizar las concepciones de los docentes de secundaria sobre la
enseñanza a distancia y el uso de las tecnologías digitales para llevar a cabo
esta docencia. Se trata de una investigación de enfoque cualitativo, que
utilizó el cuestionario en línea como instrumento de recopilación de datos. Según
las concepciones de los profesores, los resultados mostraron que trabajar de
forma remota utilizando tecnologías digitales ha sido un desafío, pero
fructífero. Además, una parte importante de los profesores admitió que ya eran
bastante resistentes al uso de dichas tecnologías, pero que ahora comprenden la
necesidad de aprender a utilizarlas con fines pedagógicos.
Palabras clave: Docencia; Proceso de enseñanza-aprendizaje; Pandemia; Tecnologías
digitales.
Introdução
Desde que surgiu em Wuhan, na China, no
final de 2019, a pandemia da Covid-19[3]
transformou o mundo e a forma de as pessoas se relacionarem, exigindo delas
estratégias de adaptação para continuar com suas atividades pessoais e/ou
profissionais. No âmbito educacional, a necessidade de distanciamento social
fez com que as relações entre professores e alunos passassem a acontecer a
distância, via interfaces digitais, o que exigiu desses atores do processo
educativo se abrirem a novas possibilidades.
Saíram de cena tecnologias clássicas
(quadro de giz, piloto, televisão, retroprojetor, entre outras), para dar vez
às tecnologias digitais (whatsapp, google
meet, google classroom, jamboard, kahoot, canva, entre outras), muitas delas desconhecidas no contexto
educacional, mas com um grande potencial para a dinamização das aulas, tanto
agora, com a pandemia, quanto em momentos não pandêmicos, tendo em vista que
num mundo interconectado como o atual não
podemos deixar de aproveitar o potencial
dessas tecnologias para inovar as aulas e nos
aproximarmos mais dos alunos que fazem parte da geração digital.
Mas, sair de uma pedagogia pautada na aula
expositiva, marcada pela fala do professor (a maior parte do tempo), e a
participação do aluno (de vez em quando), e passar a gravar vídeos, pesquisar
materiais na internet, adentrar em cursos sobre o uso de tecnologias digitais,
ministrar aulas online e ter que
encarar as câmeras, não foi uma tarefa fácil para os professores. Muitos
ficaram bastante preocupados em como levar adiante o trabalho, devido ao não
traquejo com tecnologias digitais, que são fundamentais nesse contexto. Mas,
como em outros momentos, o professor precisou se adaptar, não apenas para não
deixar os alunos sem estudar, mas também porque foi baixada uma portaria
ministerial para que as aulas passassem a acontecer de modo virtual – a portaria nº 343[4], de 17 de março de
2020,
que dispõe sobre a substituição das aulas presenciais por aulas em meios
digitais enquanto durar a situação de pandemia do Novo Coronavírus - COVID-19,
portaria que foi sendo substituída por outras ao longo do ano, em virtude da
incerteza do fim da pandemia.
Pouco a pouco, um formato de ensino
diferente passou a figurar no vocabulário social – o ensino remoto, ou ensino
remoto emergencial, expressão utilizada para se referir a uma forma de ensino
temporária, sem um currículo específico, improvisada, para conter os prejuízos
da falta de aulas presenciais. Um formato de ensino que varia de escola para
escola, de professor para professor, e que pode ser empregado com ou sem o uso
de tecnologias digitais (a famosa entrega de material impresso que ainda
acontece em muitas escolas do Brasil). No entanto, vale salientar que as aulas
remotas a partir das tecnologias digitais têm um efeito bem maior, tendo em
vista que há um contato do professor com os alunos, mesmo virtualmente, e há
possibilidades de interação e diálogo.
Diante deste cenário, emerge o seguinte
questionamento: quais as percepções dos professores do ensino médio, acerca do
ensino remoto e do uso de tecnologias digitais para levar adiante este ensino?
Com base neste questionamento, o objetivo
deste trabalho é analisar as percepções de professores do ensino médio acerca
do ensino remoto e do uso de tecnologias digitais para levar adiante este
ensino.
Metodologicamente, o trabalho adota uma
pesquisa de abordagem qualitativa, tendo o questionário como instrumento de
coleta de dados. Quanto ao aporte teórico utilizado como fonte de análise dos
dados, nos apoiamos em Ziede et al.
(2016), Zanella e Lima (2017), Moreira e Simões (2017) e Appenzeller et al. (2020).
Na primeira seção, que sucede esta
introdução, trazemos uma discussão sobre a docência em tempos pandêmicos. Na
segunda, discutimos sobre as tecnologias digitais a serviço da inovação
pedagógica. Na terceira, apresentamos o desenho metodológico e, na quarta,
finalizamos com as considerações finais, momento no qual retomamos nosso
objetivo de pesquisa e concluímos o trabalho.
A
docência em tempos pandêmicos
Exercitar a docência é algo que, em
qualquer tempo, exige do professor determinadas habilidades, afinal, a forma
como o processo de ensino-aprendizagem é conduzido, é essencial para o bom
andamento do mesmo e para a concretização de resultados positivos. Por isso, o
professor precisa estar a cada dia mais atento às mudanças que vão surgindo no
contexto socioeducacional, para não sofrer tanto com as adaptações que precisa
fazer para levar adiante seu trabalho. Ou seja, “[...] é preciso aprender
permanentemente – aprender a aprender – porque a vida assim pede” (DEMO, 2008).
Durante o seu fazer pedagógico, o docente
vai descobrindo diferentes estratégias e metodologias, as quais vai testando e
analisando se são condizentes com a educação de seus alunos e com o momento no
qual estão imersos, optando por algumas em detrimento de outras. Nesse sentido,
em cada época, diferentes tecnologias são apresentadas ao professor, desde as
mais simples, como as usadas rotineiramente no contexto escolar, até as mais
“sofisticadas”, como as digitais, que conseguem redimensionar as questões
espaço-temporais e reunir num mesmo ambiente – o virtual – pessoas que se
encontram em diferentes espaços geográficos, a chamada ubiquidade, ou seja, a
capacidade de uma mesma pessoa estar em vários lugares ao mesmo tempo sem a
necessidade de deslocamento físico, graças aos artifícios das tecnologias
digitais (SANTAELLA, 2013).
Assim, fazer uso diversificado das
tecnologias digitais disponíveis é fundamental quando se almeja levar adiante
um ensino de qualidade, marcado pela dinamização, tanto em relação à variedade
de recursos tecnológicos utilizados, como também à forma como tais recursos são
utilizados, uma vez que eles devem ajudar na concretização de aulas mais
atrativas, que rompam com a monotonice e possibilite a participação ativa do
aluno – principal ator do processo de ensino aprendizagem, tendo em vista que
neste processo, ambos ensinam e aprendem (FREIRE, 1996).
Muitos professores, devido a fatores
diversos, talvez não tenham se dado conta, antes da pandemia, do quanto o seu
trabalho carecia de inovação, de uma nova roupagem, do uso de diferentes
tecnologias. Mais do que isso, muitos professores sequer levaram em
consideração que seus alunos são de outra geração, aquela no qual o digital é
algo marcante. Muitos deles são “nativos digitais”, isto é, aqueles que
nasceram entre os anos 1990 e 2010, período no qual o contato com aparelhos
digitais (smartphones, tablets e notebooks) é algo constante e, mesmo que as desigualdades sociais
tenham se acentuado durante a pandemia, revelando que muitos alunos não têm
condições básicas de estudar a partir de tecnologias digitais, o direito de
estudar e de ser educado de acordo com o seu momento histórico é algo que não
pode ser negado, cabendo aos órgãos que gerenciam a educação, através das
escolas, criar políticas públicas de acesso às tecnologias digitais,
encontrando alternativas para inserir na cultura digital alunos em situação de
vulnerabilidade social e econômica. Não podemos esquecer da formação dos
professores, pois não adianta trazer as tecnologias para a escola sem preparar
o professor para fazer uso delas com seus alunos.
Bons softwares fazem com que
professor e aluno se aproximem, porque o professor faz a mediação daquilo que o
software pode ajudar a desenvolver com conhecimento [...] a oferta de formações
diferenciadas para desenvolver o currículo necessário, um esforço de
aperfeiçoamento pode ser um elemento estimulador para o próprio professor, o
qual, muitas vezes, se sente abandonado na sua sala de aula (GATTI; SHAW;
PEREIRA, 2021, p. 8).
Ou seja, trazer as tecnologias digitais
para o contexto educativo é uma forma de professor e aluno se aproximarem e de
construírem juntos uma aprendizagem colaborativa, na qual o professor não
ensina, mas age como mediador da aprendizagem do aluno, orientando-o sobre como
prosseguir em seus estudos. Nesse contexto,
O professor tem em mãos uma
variedade e uma quantidade enorme de meios, não para facilitar sua tarefa, mas
para enriquecer e dar significado àquilo que ensina. As TDs, que permitem
acesso aos serviços da rede de Internet, são ferramentas com o potencial de
contribuir na construção do conhecimento por meio de pesquisas, nas quais o aluno
busca as informações e interage com elas (MODELSKI; AZEREDO; GIRAFFA, 2018, p.
118).
Assim, ao orientar os alunos a fazerem
diferentes buscas na internet relativas a conteúdos em estudo, o professor abre
espaço para a autonomia do aluno, em ir buscar seu próprio conhecimento, e para
o seu protagonismo, tendo em vista que no modelo de educação que se defende nos
dias atuais, o aluno deve ser capaz de aprender a partir da pesquisa, tendo o
professor como orientador e mediador do processo.
Segundo a Organização das Nações Unidas –
ONU, a internet é um direito humano. Além disso, a organização afirmou que
desconectar a população da web viola esta política. Sendo assim, num momento em
que o mundo é tecnológico e digital, enquanto escola, precisamos empreender
esforços para amenizar os problemas que vieram junto à problemática maior – a
pandemia da Covid-19, cuidando para que todos os alunos tenham o direito de
estudar durante este período, fazendo valer o que prega a ONU em relação ao
acesso à internet para toda a população, principalmente as pessoas mais
carentes[5].
Na próxima seção, trazemos uma discussão
acerca das tecnologias digitais a serviço da inovação pedagógica, apontando
alguns caminhos ao professor para que ele possa sobressair-se em meio às
dificuldades que o momento pandêmico impõe.
As tecnologias digitais a serviço da
inovação pedagógica
Há muito tempo, se discute sobre o potencial das
tecnologias digitais para um ensino inovador, que fuja de um modelo tradicional
pautado na sala de aula como o único lócus de ensino e aprendizagem, e o
professor como o detentor do saber instituído. Atualmente, devido à pandemia da
Covid-19 e à mudança da sala de aula física para a virtual, a necessidade de
diferentes estratégias e metodologias para a condução do processo educativo se
faz urgente, o que por si só já caracteriza uma inovação e convida os
professores a deixarem de lado qualquer preconceito acerca das tecnologias
digitais e a fazerem uso delas no ensino remoto.
Com a adoção do ensino remoto por milhares de
escolas em todo o Brasil, desde 2020, “[...] os professores têm vivido novas
formas de ensinar, planejar e avaliar, adequando-se, na velocidade da luz, às
imposições resultantes do período da pandemia de Covid-19” (FERREIRA et al., 2020, p. 16). De fato, são
tantas mudanças, tantas orientações, que o professor precisa se adaptar
rapidamente, sob o risco de ser atropelado pelas demandas que esse tipo de
ensino acarreta.
Segundo Modelski, Giraffa e Casartelli (2019, p.
9), “a tecnologia sempre fez parte do cotidiano da escola e o uso pedagógico
dependeu do professor. Ou seja, quem cria estratégias, práticas e didáticas
para uso de um recurso é o professor”. Nesse viés, fica nítido que inovar
pedagogicamente não está condicionado ao uso da tecnologia apenas, mas às
estratégias metodológicas que o docente faz dela.
A sociedade de hoje é mais hiperativa,
hiperconectada e ubíqua, graças às tecnologias digitais da informação e
comunicação, que invadiram todos os espaços sociais e mostraram que a vida pode
ser menos previsível e cheia de possibilidades, principalmente para aqueles que
sabem tirar proveito dos aparatos tecnológicos que se encontram à disposição da
sociedade para as mais diversas finalidades (LÉVY, 1999).
A popularização da internet no Brasil está
estabelecendo novos processos subjetivos entre os usuários interconectados por
redes. As interações proporcionadas pelas redes telemáticas tencionam uma nova
forma de ser e de viver em sociedade, reconfigurando o papel de professores e
alunos no espaço social virtual (REIS; LUNARDI-MENDES, 2018, p. 299).
No contexto educacional, nunca se usou tanto as
tecnologias digitais como hoje. Professores de todos os níveis têm,
paulatinamente, compreendido a importância dessas tecnologias para a humanidade
e entendido que seu fazer pedagógico carece de inovação, sob o risco de
perderem a atenção dos alunos se continuarem a negar o potencial das
tecnologias digitais para um ensino mais dinâmico e que oportunize o
protagonismo dos mesmos.
A pandemia da Covid-19 veio mostrar que se havia
resistência ao uso de tais tecnologias, agora é hora de se despir de qualquer
preconceito em relação a elas e aderir ao seu uso, pois os alunos precisam
continuar estudando e aprendendo e, essas tecnologias são fundamentais para que
o professor chegue até o aluno e consiga efetuar qualquer proposta de ensino e
aprendizagem. A esse respeito, numa sociedade digitalizada como a atual, é
preciso que o professor compreenda a necessidade de inserção dessas tecnologias
em sua prática pedagógica, pois “[...] estamos em uma
época de grandes transformações, e todos nós temos três opções: temê-las,
ignorá-las ou aceitá-las” (JENKINS, 2009, p. 09).
Entretanto, a inovação não está condicionada ao uso
das tecnologias digitais, mas à forma como o professor faz uso delas, às
diferentes aulas que ele consegue pôr em prática a partir delas, ou seja, a
percepção de qual tecnologia é mais adequada para dar conta de determinado
conteúdo/tema. Ou seja,
A familiaridade com o uso dos recursos tecnológicos
faz com que o professor concentre sua preocupação nas possibilidades didáticas
de uso pedagógico e não prioritariamente em questões técnicas relacionadas ao
recurso. Isso porque quanto mais fluência o professor desenvolve no que tange
ao uso de um recurso, mais tranquilidade ele demonstra para criar
possibilidades de uso na sua prática pedagógica (MODELSKI; GIRAFFA; CASARTELLI,
2019, p. 10).
A partir do exposto pelos autores, inovar no
ensino, apesar de ser algo almejado por diversos profissionais da educação, não
é uma tarefa fácil, requer do professor muita preparação, pesquisa, testagem de
metodologias diversas, (re)planejamento de atividades e uso contextualizado das
tecnologias digitais. É muito comum, muitos professores, na ingenuidade de suas
concepções acerca de tecnologias digitais e ensino, acharem que o simples uso
destas como recursos didáticos é sinônimo de inovação, é elemento propiciador
de motivação para os alunos, quando na verdade não passa de mero pretexto para
a inovação.
Nesse contexto, utilizar um Datashow para
explanar determinado conteúdo de forma expositiva, nada tem de inovador, tendo
em vista que o professor continua no centro do processo. No entanto, quando o
professor orienta os alunos para usar seus notebooks ou smartphones
para entrar no Google Earth e realizar determinada atividade ou desafio,
o sentido da aprendizagem é totalmente diferente. O aluno aprende fazendo,
pesquisando, investigando. Quanto ao professor, restou o papel de mediador, o
que realmente se espera deste profissional numa educação contemporânea.
Com a pandemia da Covid-19, até os professores mais
resistentes passaram a aderir a tais tecnologias, mergulhando no ciberespaço à
procura de vídeos e tutoriais, seja pedindo ajuda a colegas mais aptos com as
tecnologias digitais. Em alguns casos, os professores pediram ajuda aos
próprios alunos que, por pertencerem à geração Z, geralmente apresentam grande
facilidade com as interfaces e aplicativos que estão disponíveis.
Em relação à solicitação de ajuda aos colegas, é
algo bastante positivo também neste momento, tendo em vista que em todos os
momentos da educação os professores “trocaram figurinhas”. Agora, mais do
nunca, apoiarem uns aos outros é essencial para que o ensino remoto seja menos
complexo. A esse respeito, conforme Modelski, Giraffa e Casartelli (2019, p.
12), “[...] o contato com outros colegas permite ao professor conhecer
possibilidades e recursos de forma rápida e contextualizada”
Sabemos que “a construção do conhecimento é um
processo complexo e que pressupõe a interação com outros saberes em diferentes
contextos de aprendizagem” (SANTOS; COSTA, 2018, p. 02). Por isso, valorizar as
tecnologias digitais como meios potenciais para o processo de
ensino-aprendizagem é algo que o professor não pode perder de vista, uma vez
que elas são essenciais para a formação do cidadão deste novo século.
O século XXI é marcado pela ascensão e disseminação
das tecnologias digitais da informação e comunicação, e a inovação tem sido uma
das palavras mais usadas deste século, devido à compreensão de que, se a
sociedade evolui, precisamos acompanhar a evolução por ela proporcionada. Nesse
sentido, é preciso que se compreenda o caráter inovador do uso das tecnologias
digitais, pois,
[...] a inserção e mesmo a “integração” das tecnologias
em qualquer nível de ensino não significa mudanças nas práticas e metodologias.
Essa perspectiva aponta os professores como o centro da inovação da prática com
o uso de tecnologias, pois a tecnologia (como ferramenta) por si só é vazia. É
o professor, com base em sua formação, que tem a possibilidade de propor
mudanças metodológicas e transformar o uso de tecnologias numa prática social e
cultural (RIEDNER; PISCHETOLA, 2016, p. 38).
De fato, o uso de tecnologias digitais no ensino
por si só não garante inovação, nem tampouco coloca o professor como o centro
do processo. A inovação está na forma como tais tecnologias são usadas e nos
propósitos para os quais foram pensadas. Assim, o professor exerce um papel
fundamental na integração das tecnologias digitais no processo de
ensino-aprendizagem, planejando suas aulas com o uso dessas tecnologias, mas
não apenas como recursos didático-pedagógicos, mas como meio para a construção
do conhecimento juntamente com o aluno, verdadeiro centro do processo de ensino
e aprendizagem (MODELSKI; GIRAFFA; CASARTELLI, 2019; CUNHA, 2016; CERUTTI;
BALDO, 2020; DOMINICK; ALVES, 2018).
Assim, a formação docente é primordial nesse
contexto, tendo em vista que é essa formação para o uso de tecnologias digitais
no ensino, a partir de diferentes cursos de formação continuada em serviço, que
proporcionarão ao professor as competências necessárias para educar os
estudantes para viverem autonomamente na sociedade da informação, algo que pode
ser feito através do ensino híbrido.
Procedimentos Metodológicos
Neste texto, adotamos a abordagem qualitativa, por
ter, conforme Ludke e André (1986, pág. 11) “o ambiente natural
como sua fonte direta de dados e o pesquisador como seu principal instrumento.
[...] Supõe o contato [...] do pesquisador com o ambiente e a situação que está
sendo investigada”. Esta abordagem leva o pesquisador à obtenção de dados
descritivos que, “utilizados dentro dos limites de suas especificidades podem
dar uma contribuição efetiva para o conhecimento da realidade, ou seja, a busca
da construção de teorias e o levantamento de hipóteses” (MINAYO; SANCHES, 1994,
p. 239).
Neste caso, um dos pesquisadores integra o
quadro docente do Colégio Estadual Professora Luzia Carvalho Silva – lócus da pesquisa, situado na cidade de
Antas Bahia e, portanto, tem proximidade profissional com os sujeitos
investigados, o que pode favorecer a coleta de dados e o processo investigativo
de forma ampla. Ademais, a escolha do lócus
da pesquisa se deu porque houve um momento específico – a Jornada Pedagógica Paulo Freire 2021, em que a discussão girou em
torno do uso de tecnologias digitais no ensino, o que de imediato trouxe um insight para um dos pesquisadores de
que, aquele contexto era propício para uma pesquisa.
No tocante aos objetivos, optamos pela
pesquisa exploratória, uma vez que, segundo Gil (2008), esse tipo de pesquisa
proporciona ao pesquisador maior familiaridade com o problema em estudo.
Trata-se de uma pesquisa que pode envolver levantamento bibliográfico e
entrevistas. Nesse caso, não fazemos o uso de entrevistas, mas trabalhamos com
o levantamento bibliográfico, para a compreensão de como o assunto em foco tem
sido discutido.
Em relação aos procedimentos de coleta de
dados, adotamos o questionário online
do google forms. A técnica de coleta
questionário, segundo Gil (1999, p.128), pode ser definida “como a técnica de
investigação composta por um número mais ou menos elevado de questões
apresentadas por escrito às pessoas, objetivando o conhecimento de opiniões,
crenças, sentimentos, interesses, expectativas e situações vivenciadas”. Já em
relação à opção pelo questionário do google
forms, se deu devido à sua facilidade e adequação ao momento pandêmico.
Nesse caso, o questionário respondido pelos professores foi composto por 08
questões, sendo 6 de múltipla escolha, 1 de caixas de verificação e 1 de
parágrafo com resposta curta.
Resultados e Discussões
A fim de analisar as percepções dos
professores do Colégio Estadual Professora Luzia Carvalho Silva acerca do uso
de tecnologias digitais durante o ensino remoto, após mais de um ano
trabalhando no distanciamento social, foram feitas 08 perguntas, que geraram os
resultados que seguem. No gráfico 1, trazemos as primeiras concepções dos
professores.
Gráfico
1: Uso de tecnologias digitais no ensino remoto
Fonte: Dados da
pesquisa (2021)
Podemos
notar neste gráfico, que a maior parte dos professores, devido às dificuldades
inerentes ao uso de tecnologias digitais, algo que raramente acontecia em suas
práticas de ensino presencial, considera que trabalhar utilizando tais
tecnologias é algo desafiador, algo salientado em pesquisas de Ziede et al. (2016, p. 1), quando apontam que
“[...] os professores vivenciam desafios constantes para integrar a tecnologia
no currículo com propostas que privilegiem a autoria, a cooperação e o trabalho
em rede”. Os mesmos autores assinalam que “os desafios precisam ser vencidos e
para que isto aconteça, os professores precisam refletir, agir, criar, inovar e
principalmente perder o medo das TDIC” (ZIEDE et al., p. 8).
Nesse
contexto, ficou perceptível que, mesmo com os desafios, os professores
reconhecem que tem sido algo proveitoso, provavelmente porque estão descobrindo
as potencialidades das tecnologias e percebendo que, em muitos casos, elas ajudam
bastante, além de despertarem a atenção dos alunos. Além disso, um dado chama a
atenção: 10% dos respondentes sinalizam ter facilidade com as referidas
tecnologias. Isso é algo positivo, pois, tendo alguém na instituição com
conhecimentos mais avançados em tecnologias digitais, há a possibilidade de
engajamento dos outros professores, a partir de oficinas, por exemplo. Um dado
interessante, mas que não apareceu no gráfico, foi a opção tem sido preocupante [...] O simples fato de nenhum professor ter
assinalado essa opção é algo positivo, pois mostra que, apesar dos desafios, os
professores estão conseguindo prosseguir seus trabalhos de forma remota.
No
gráfico 2, trazemos as concepções dos professores acerca do tópico resistência
ao uso de tecnologias digitais no ensino.
Gráfico
2: Resistência no uso de tecnologias digitais no ensino
Fonte:
Dados da pesquisa (2021)
Pelo que o gráfico aponta, a maior parte
dos professores disseram que nunca foram resistentes ao uso de tecnologias
digitais no ensino, algo que, de diferentes formas nos inquieta, pois, se não
eram resistentes, porque não faziam uso pelo menos esporádico dessas
tecnologias antes da pandemia? Os 40% dos professores que assumiram já terem
sido resistentes, compreendem a necessidade de aprender a utilizá-las em seu
trabalho, algo que pode estimulá-los a um uso mais frequente tanto agora,
durante a pandemia, quanto após a pandemia. A esse respeito, enquanto “[...]
muitos professores demonstram resistência ao utilizar os recursos tecnológicos,
em contrapartida, outros enriquecem suas aulas valendo das ferramentas
proporcionadas pelo computador” (ZANELLA; LIMA, 2017, p. 3).
O gráfico 3 apresenta algumas tecnologias
digitais utilizadas em 2020 pelos professores respondentes da pesquisa.
Gráfico
3: Tecnologias digitais utilizadas em 2020 pelos professores
Fonte: Dados da
pesquisa (2021)
Questionados sobre as tecnologias digitais
utilizadas no ensino remoto em 2020, 100% dos professores responderam usar o Whatsapp e o Google Meet, além de terem usado outras interfaces com menos
frequência. Depreende-se, a partir deste gráfico, que essas duas interfaces são
utilizadas pelos professores por causa de sua facilidade de uso, no caso do Whatsapp, e por conta da adesão de
muitas escolas ao Google Meet, por ser
a forma mais apropriada encontrada no momento para conseguir uma interação mais
próxima com os alunos, mesmo a distância. Além disso, conforme Moreira e Simões
(2017), o Whatsapp pode ser uma interface
importante de debates, aulas interativas e de produção intelectual dos
estudantes, por isso, a escola não pode ignorá-lo. O Whatsapp está no cotidiano do estudante e, se bem aproveitado, pode
ser usado para fins pedagógicos, por isso, “os professores de hoje têm que
aprender a se comunicar na língua de seus estudantes” (PRENSKY, 2001, p. 04).
Vale frisar, a partir dos dados
apresentados no gráfico, que a variedade de aparatos tecnológicos utilizados
pelos professores foi significativa, figurando nomes desconhecidos como Jamboard, Canva, Padlet, Kahoot, entre
outros, o que significa que os professores foram à procura de meios digitais
para levar adiante o ensino.
Numa outra pergunta, os professores foram
questionados sobre a temática tecnologias digitais pagas, cujas respostas vêm
na sequência.
Desde que o ensino remoto passou a figurar
no vocabulário social, inúmeras plataformas digitais passaram a ser
propagandeadas e utilizadas. A procura dos professores por interfaces de fácil
manuseio foi algo constante, seja por indicação, seja por curiosidade de buscar
na internet por conta própria. Assim que passaram a utilizar algumas
interfaces, a exemplo do Padlet[6],
os professores foram percebendo que existe uma versão gratuita, com alguns
recursos disponíveis ao usuário, mas também notaram que outras são pagas. O Padlet permite a criação de apenas 5
murais virtuais na versão gratuita, mas é ilimitado na versão paga. Outro
exemplo é o Canva[7],
que oferece dezenas de posts
gratuitos, mas também existem alguns com marca d’água, o que significa que o
usuário deverá pagar um valor para poder baixá-los. Nesse contexto, e retomando
o gráfico, os professores, por unanimidade, não demonstram nenhum interesse nas
tecnologias digitais pagas, tendo em vista que há diversas opções gratuitas.
O gráfico 4 traz as concepções dos professores
acerca da socialização de diferentes tecnologias digitais durante a Jornada
Pedagógica Paulo Freire 2021.
Gráfico
4: Socialização de tecnologias digitais entre os professores
Fonte:
Dados da pesquisa (2021)
Durante a Jornada Pedagógica Paulo Freire, realizada pelo estado da Bahia em
2021, com duração de 5 dias, no Colégio Estadual Professora Luzia Carvalho
Silva, a coordenadora pedagógica, lançou um desafio aos professores –
apresentar, no dia seguinte, uma tecnologia digital que havia descoberto em
2020 e que ainda estava usando em 2021.
Como um dos pesquisadores é professor da
instituição e também participou deste momento, achou interessante colocar no
questionário aplicado aos professores algumas questões a respeito deste momento
significativo.
Assim, a partir do gráfico, 50% dos
professores avalia a socialização de diferentes tecnologias digitais como muito
interessante, principalmente porque a maioria era desconhecida. Algumas
chamaram a atenção e alguns professores pretendem experimentá-las. Os 50%
restantes acharam o momento interessante, apesar de já conhecerem a maioria das
tecnologias apresentadas.
Essa ideia da coordenadora foi excelente,
pois permitiu aos professores o contato com tecnologias desconhecidas até o
momento. A socialização entre os professores é importante pois demonstra que
momentos de dificuldades como os que se apresentaram durante o ensino remoto,
podem ser menos espinhosos quando os professores se ajudam. A esse respeito,
uma pesquisa do porvir.org, realizada em 2020, mostra que, com o fechamento das
escolas, educadores de todo o Brasil se mobilizaram para trocar experiências e
apoiar quem precisa adaptar conteúdos para o ambiente digital[8].
Em diálogo com o gráfico anterior, o
gráfico 5 traz as concepções dos professores acerca das possibilidades de uso
das tecnologias socializadas.
Gráfico
5: Possibilidade de uso das tecnologias socializadas
Fonte:
Dados da pesquisa (2021)
Como podemos observar no gráfico 5, foram
8 as diferentes tecnologias socializadas pelos professores durante um momento
específico da Jornada Pedagógica Paulo
Freire, no entanto, 3 delas foram sinalizadas pelos professores como
possibilidades de uso nas aulas: o Canva,
com 70%, o Padlet, com 20% e o Jamboard[9],
com 10%.
O gráfico 6 traz as concepções dos
professores acerca do uso de tecnologias digitais durante o ano letivo 2021.
Gráfico
6: Expectativas de uso de tecnologias digitais no ano letivo 2021
Fonte:
Dados da pesquisa (2021)
Após um ano de ensino remoto mediado por
tecnologias digitais, os professores se mostraram entusiasmados para o ano
letivo atual a partir do uso de tecnologias, tanto é que a maioria, 70%, acha
que os resultados serão razoáveis, mas significativos. Do restante, 20% acha
que os resultados serão excelentes, o que denota uma aceitação do uso das
tecnologias digitais e também traquejo com elas. Mas há um percentual de 10%
que acredita que os resultados não serão bons por conta da falta de acesso dos
alunos.
Essa concepção é bastante válida no
contexto em voga, tendo em vista que, a questão do acesso à internet, de fato,
tem sido um entrave em diversas escolas do Brasil para levar o ensino remoto
adiante, como demonstram em sua pesquisa Appenzeller et al. (2020, p. 3), ao apontarem que “os principais problemas
identificados foram internet instável e/ou acesso exclusivo por redes móveis.
As atividades com maior dificuldade de acompanhamento pelos alunos eram
transmitidas por webconferências e meetings [...]”.
O gráfico 7 representa as palavra-chave
sinalizadas pelos professores ao serem solicitados a indicar 3 palavras que
representam a importância das tecnologias digitais para o processo de
ensino-aprendizagem.
Gráfico
7: Importância das tecnologias digitais para o ensino
Fonte:
Dados da pesquisa (2021)
Diante do que foi solicitado, as respostas
dadas pelos professores como palavras-chave importantes no contexto do uso de
tecnologias digitais apresentaram uma grande variação, destacando-se as
palavras interatividade, conectividade e inovação. Trabalhar com tecnologias digitais
exige interatividade entre docente e discentes, algo possibilitado pela conexão
em rede. Quanto à inovação, as tecnologias digitais permitem ao professor
inovar em suas aulas, mas isso não significa que as tecnologias, por elas
mesmas são a inovação, mas a forma como o professor faz uso delas. Nessa perspectiva,
“[...] escola precisa auxiliar o
professor a encontrar uma direção para interagir com o aluno nesse mundo
virtual, conectando-se com outras formas de conhecimento e incorporando
estratégias com o objetivo de inovar e enriquecer o processo de ensino-aprendizagem
de maneira significativa (VASCONCELOS; MENEZES, 2020, p. 115).
Assim,
à luz das ideias dos autores, a inovação está na metodologia adotada, tendo as
tecnologias digitais como meio para concretizar o que foi pensado. Nesse caso,
ao decidir pelo uso de uma dada tecnologia em determinada aula, o professor
precisa antes refletir sobre essa tecnologia e perceber nela possibilidades de
tornar a aula mais dinâmica. Portanto, a inovação estará na criatividade do
professor em fazer uso de uma tecnologia para facilitar a compreensão de um
dado conteúdo. O uso descontextualizado de qualquer tecnologia não caracteriza
inovação, apenas pretexto.
Considerações Finais
Neste texto, procuramos analisar as
concepções de professores do ensino médio de um colégio estadual da Bahia
acerca do uso de tecnologias digitais durante a pandemia, no ensino remoto, com
vistas a entender como esses professores têm lidado com os desafios de ensinar
remotamente desde que a pandemia da Covid-19 se instalou e impôs a todos o
isolamento social e o impedimento de aulas presenciais.
A partir da experiência desses
professores, perceptível a partir das análises feitas nos questionários por
eles respondidos, notamos que os desafios em relação ao uso de tecnologias
digitais no ensino é algo inquietante, assim como ocorre com milhares de
professores no Brasil. No entanto, dificuldades à parte, ficou perceptível
também que os professores compreendem agora, por força da pandemia, a
necessidade de adequação e uso de diferentes tecnologias digitais nos processos
de ensinar e aprender.
A pesquisa partiu de um insight em um momento pontual do
trabalho docente, especificamente durante a Jornada
Pedagógica Paulo Freire 2021, um dado bastante relevante, porque o chão da
escola é um local propício à pesquisa. Assim, as discussões sobre tecnologias
digitais neste momento específico, demonstra que a escola, por mais que se
apresente cheia de dificuldades de levar adiante o ensino remoto a partir de
aparatos tecnológicos, tem buscado compreender o funcionamento desse tipo de
ensino, a fim de encontrar meios eficazes para realizar seu trabalho e garantir
aos alunos o direito de continuar estudando e aprendendo, mesmo a distância.
A socialização de experiências dos
professores com o uso de diferentes tecnologias digitais e a possibilidade
desses professores passarem a fazer uso de algumas das tecnologias apresentadas
no ensino remoto é um ponto de suma importância no contexto em voga, tendo em vista
que, na escola, as coisas tendem a dar certo quando os professores trabalham em
coletividade. Neste período pandêmico, a atitude dos professores em socializar
seus conhecimentos tecnológicos com os colegas é um caminho para a mudança de
postura na escola e uma luz para que nela os professores não trabalhem cada um
por si, mas em colaboração.
Portanto, fazer uso de tecnologias
digitais no processo de ensino-aprendizagem em qualquer contexto, seja ele
pandêmico ou não, é uma necessidade. Mais do que isso, é uma obrigação do
professor, mesmo no ensino presencial, valorizar as potencialidades dessas
tecnologias para a dinamização do seu trabalho e também, para respeitar o tempo
do aluno que vive neste contexto notadamente tecnológico. Além disso, como já apontou
a ONU, a internet é um direito humano, razão pela qual a escola precisa se
adequar para oferecer aos seus alunos aulas condizentes com o seu tempo, ou seja, as tecnologias cada vez mais tornam-se
extensões inerentes ao ser humano.
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Acesso em 13 de junho de 2021.
Recebido
em: 01/07/21
Aprovado
em: 10/08/21
[1] Mestre
em Letras pela Universidade Federal de Sergipe - UFS. Professor das Redes
Municipal e Estadual da Bahia e da Faculdade do Nordeste da Bahia. Membro do
Grupo de Pesquisa Educação e Contemporaneidade (EDUCON)/UFS, do Grupo de Estudos
e Pesquisas em Formação de Professores e Tecnologias da Informação e
Comunicação/FOPTIC/UFS, e do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação
Paidéia/FANEB. E-mail: batistinhadesouza@gmail.com
ORCID: https://orcid.org/0000-0001-9722-8818
[2] Professor
da Universidade Federal de Sergipe - UFS – Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGED-UFS);
Líder do Grupo de Pesquisa em Formação de Professores e Tecnologias da
Informação e Comunicação (FOPTIC – UFS). E-mail: geopedagogia@yahoo.com.br
[3] Nesse trabalho,
optamos pela expressão pandemia da Covid-19, no entanto, em citações, pode
aparecer pandemia de Covid-19, por se tratar da escolha dos autores, razão pela
qual não padronizamos a expressão.
[4] Disponível em: http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/Portaria/PRT/Portaria%20n%C2%BA%20343-20-mec.htm. Acesso em 17 de junho
de 2021.
[5] Disponível: http://g1.globo.com/tecnologia/noticia/2011/06/onu-afirma-que-acesso-internet-e-um-direito-humano.html. Acesso em 18 de junho
de 2021.
[6] É
uma ferramenta que permite criar quadros virtuais para organizar a rotina de
trabalho, estudos ou de projetos pessoais. O recurso possui diversos modelos de
quadros para criar cronogramas, que podem ser compartilhados com outros
usuários e que facilita visualizar as tarefas em equipes de trabalho ou por
instituições de ensino. Disponível em: https://www.techtudo.com.br/dicas-e-tutoriais/2020/07/o-que-e-padlet-veja-como-usar-ferramenta-para-criar-quadro
virtual.ghtml.
Acesso em 19 de junho de 2021.
[7] Lançado em 2013, o
Canva é uma ferramenta online que tem a missão de garantir que qualquer pessoa
no mundo possa criar qualquer design para publicar em qualquer lugar.
Disponível em: https://www.canva.com/pt_br/about/. Acesso em 19 de junho
de 2021.
[8] Disponível em: https://porvir.org/professores-lancam-movimento-para-ajudar-colegas-no-uso-de-tecnologia/. Acesso em 19 de junho
de 2021.
[9] É um quadro
branco digital inteligente que pode ser editado de forma colaborativa com
outras pessoas e acessado de qualquer lugar com internet. Trata-se de mais uma
das ferramentas
oferecidas pelo G Suite for Education, que traz para a sala de aula possibilidades, como: armazenamento de todo
conteúdo em nuvem, sincronização com outros aplicativos, diversidade de
formatos para transmissão do conhecimento, dentre outros. Disponível em: https://getedu.com.br/2021/01/31/google-jamboard-o-quadro-interativo-para-a-sua-sala-de-aula/. Acesso em 19 de junho de 2021.