Experiência e racionalidade estética no trabalho docente

Autores

  • Mauricio Inácio dos Santos Universidade Presidente Antônio Carlos - FUPAC - Lambari(MG)
  • Carlos Betlinski Universidade Federal de Lavras-UFLA

DOI:

https://doi.org/10.30905/ded.v4i2.223

Palavras-chave:

Trabalho docente, Experiência, Racionalidade Estética, Cuidado de si, Estética da existência

Resumo

Compreender o trabalho docente como experiência, incorporar a racionalidade estética e o cuidado de si tornam-se condições para a sua valorização. O enfraquecimento e a precarização das atividades educativas na sociedade contemporânea tem provocado angústia e desencanto em muitos professores e, diante desta realidade elabora-se o seguinte problema para direcionar nossa discussão: Qual é o lugar da experiência estética no contexto do trabalho docente? Como objetivos desta incursão teórica problematiza-se as condições concretas das atividades educativas na sociedade neoliberal, pois impedem a experiência e a construção de sentido para os sujeitos dessas atividades e, propõe-se a racionalidade estética e o cuidado de si como fundamentos do ofício docente conferindo-lhe um sentido artístico. O caminho de construção do texto percorreu o pensamento de Walter Benjamin e Theodor Adorno, e uma aproximação das ideias de Michael Foucault com esses teóricos, considerando os conceitos de experiência, racionalidade estética, cuidado de si e estética da existência. Como resultados da discussão evidenciou-se que ao resgatar a racionalidade estética em seu trabalho, o docente pode tonificar sua atuação profissional, mesmo diante de uma tendência histórica da sociedade capitalista de desvalorização do professor e imposição de uma racionalidade instrumental como forma de controle que ele mesmo acaba reproduzindo em seu fazer pedagógico. O cuidado de si cria espaço para pensar a necessidade do docente cultivar práticas e exercícios corporais e mentais que o levem a criar um estilo particular de ser superando os limites do pensamento e das práticas burocratizadas neoliberais, abrindo possibilidades de construção de um ofício assentado na experiência estética.

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Biografia do Autor

Mauricio Inácio dos Santos, Universidade Presidente Antônio Carlos - FUPAC - Lambari(MG)

Mestre em Educação pela Universidade Federal de Lavras (UFLA).

Carlos Betlinski, Universidade Federal de Lavras-UFLA

Doutor em Educação pela PUC-SP. Professor do Programa de Pós-Graduação em Educação - Mestrado profissional, na Universidade Federal de Lavras-UFLA. Área de atuação: Filosofia da educação.

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Arquivos adicionais

Publicado

2020-11-29

Como Citar

Mauricio Inácio dos Santos, & Betlinski, C. (2020). Experiência e racionalidade estética no trabalho docente. Devir Educação, 4(2), 343–372. https://doi.org/10.30905/ded.v4i2.223

Edição

Seção

Artigos de fluxo contínuo